Então é Natal, e o que voce fez? O ano termina e nasce outra vez.....É o que mais ouvimos nas rádios Fm ou Bate o sino pequenino sino de Belem, já nasceu, ....E assim vai. São exatamente 0h26 minutos, os sinos que hoje são trocados por fogos de artifícios ainda continuam ecoando e fazendo clarões no céu. Naquele tempo o clarão era da estrela que anunciava o nascimento do menino. Criança que nasceu para nos salvar.
Sabe as vezes eu fico imaginando como deve ter sido difícil naquele tempo. Uma jovem, virgem e grávida, um homem que aceitou o desafio por amor, Ave Maria, não deve ter sido fácil.
Mais se refletirmos um pouquinho podemos notar a presença de tantos meninos que nascem sem ter um berço, que nascem sem ter roupas, que nascem sem ter um teto, sem ter nada, ou aqueles que nascem no presídio e lá ficam pois a mãe está cumprindo pena.A história se repete no nosso cotidiano e nem sequer notamos. Na correria dessa vida, que nos leva a desbarrancar todos os dias nos pés de crianças que estão a esmolar, não nos damos a oportunidade de sequer dar um olhar carinhoso, um sorriso ou um simples afago nos cabelinhos sujos e suados.
Jesus passa nas nossas vidas todos os dias e nem sequer estendemos as mãos. A quem diga que Jesus está no céu, que me perdoem aqueles que assim pensam pois para mim JESUS continua conosco em todos os dias de nossas vidas, na figura de um pobre esmolando, na figura de uma criança que chora com fome, na figura de um andarilho que pede um pão.
Isso me faz lembrar o Natal em minha casa, quando meu pai ainda era vivo. Sabe aquele Natal que tem ceia, refrigerante na mesa, saladas, frutas. Pois é, era assim que era o Natal na minha casa. E foi em um deles que exatamente a meia noite quando nós celebrávamos o aniversário de Jesus, com abraços e beijos que alguém bateu palmas no portão. Meu pai alegre foi correndo ver quem era pois adorava a casa cheia. E demorou um pouquinho para presenciarmos meu pai entrando dentro de casa com um homem todo sujo, mau cheiroso mais com um sorriso lindo nos lábios. A roupa toda suja e um saco na mão. Isso me fez na hora lembrar, as histórias que meu pai contava sobre homens que levavam as crianças embora dentro do saco, éramos crianças e ficávamos presos aquelas histórias macabras. Pois é, eu com meu preconceito e egoismo a flor da pele fiz uma cara horrível para o homem que rebateu com um sorriso de agradecimento afinal, ele teria o que comer, beber e com direito a boa música e boa companhia. Meu pai foi logo mandando sentar na ponta da mesa, lugar que a ele pertencia e que cuidava como um cão de guarda. Não entendi nada mais como ele me olhou e fui educada no olhar de um pai, acatei e sorri amareladamente. No começo ele foi educado e colocou só um pouquinho, mais depois se soltou e tornou nossa ceia de Natal inesquecível com suas histórias que trazia um ensinamento de vida que jamais teria escutado. Nosso Natal foi maravilhoso e no meio da conversa já tinha deixado meu preconceito de lado e brindava a cada sorriso a cada lição que aprendia. Foi assim que foi nosso Natal. O andarilho a uma determinada hora, levantou o prato e nos abençoou deixando os votos de muita saúde, sucesso e que nunca haveria de faltar comida em nossa mesa. Foi embora deixando a magia do Natal acontecer em nossa família. Assim durante tres anos consecutivos, nos acostumamos a esperar as palmas em nosso portão e já até guardávamos o presente na árvore para ele, que nunca disse o nome, idade e nem, aonde ficava. Sempre aparecia na noite de Natal e a meia noite. Meu pai um dia ficou doente, fizemos de tudo que estava a nosso alcance mais ele veio a falecer no de Setembro e como era de costume no Natal o andarilho bateu palmas. Meu irmão foi atender e não o deixou entrar. Entendemos que estava chateado com a falta do nosso herói na mesa e que iria trazer muitas lembranças mais mantive a tradição e mandei entrar. O andarilho entrou, olhou a ponta da mesa vazia e não precisamos dizer o que aconteceu. Ele entendeu comeu sem nenhum sorriso e ao final proferiu um DEUS ABENÇOE, foi embora e nunca mais voltou.
Eu entendi que os melhores ensinamentos acontecem em uma mesa de comida e que Jesus faz morada em nossos corações. Acredito que aquele andarilho sabia que pelo menos no Natal podia sentar com pessoas simples, singelas e bondosas pois era assim que era meu pai. Hoje nesse Natal rezei por ele e por aquele andarilho que como tantos outros não possuem nada para comer. Nossas mesas estão fartas de frutas, comidas, doces dos mais variados, bebidas importadas, mais quantos nada tem. Quantos estão nesse momento na rua, com frio, com sede, precisando de água para beber, um bom banho e nada tem. Há aqueles que só precisamde uma palavra amiga, um sorriso,um afago na cabeça e nem isso.
Devemos neste Natal abrir as portas de nossos corações e lembrarmos de onde viemos. Quem foi a nossa raiz.
As minhas foram pais honestos, humildes, bondosos, que passaram fome, não tinham estudo e se hoje tenho um pouquinho a mais que eles devo agradecer o sacrifício que fizeram por mim. Neste Natal reflito sobre minha origem, de onde vim e não para onde vou pois Deus conduzirá sempre a minha vida, a sua vida.
A voce que seu Natal possa ser semente de um amanhã repleto de bondade e simplicidade de coração.
Que o menino Jesus renove sua vida e traga para sua família muita paz e alegria.
Feliz Natal
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